Para Wilhelm Reich, o “núcleo biológico” ou “núcleo vital” é o coração.
Ele é a fonte de energia positiva dos seres humanos, que exprime a capacidade
de amar e que une o indivíduo ao cosmos.
É a capacidade de amar, de
expressar nosso amor que nos torna potentes diante dos desafios da vida.
Nos
últimos 20 anos, pesquisadores vem trazendo outras informações sobre o coração,
como Cindy Dale, em seu livro The Subtle Body (O Corpo Sutil)
“O coração é o centro físico de um sistema
circulatório com 75 trilhões de células. É também o centro eletromagnético do
corpo, emanando 5 mil vezes mais eletromagnetismo que o cérebro e seis vezes
mais eletricidade. Cerca de 60
a 65% de suas células são neurais, exatamente como os
neurônios cerebrais”.
Estudos científicos, como o de Joseph Chilton
Pearce no livro The Biology of Transcendence (A Biologia da Transcendência),
indicam
que dentro do coração há um “pequeno
cérebro”, um sistema nervoso independente, com aproximadamente 40 mil
neurônios. Esse núcleo é gerador de uma inteligência própria, que processa informações e envia sinais para o sistema límbico cerebral
(responsável pelo processamento das emoções) e para o neocórtex (a parte onde
acontecem os pensamentos).
Existe
um fluxo constante de troca de informações do cérebro para o coração e do
coração para o cérebro.
“Nosso
cérebro emocional-cognitivo tem uma conexão direta e neural com o coração. Por
meio das conexões entre os neurônios, sinais positivos e negativos de nossas
respostas ao momento presente são enviados a cada momento para o coração... O
sistema neural do coração não tem capacidade de perceber ou analisar em
detalhes o contexto dessas mensagens emocionais e mentais que nos chegam do
sistema cerebral límbico e cortical, mas é capaz de validar essas mensagens
positivas ou negativas respondendo eletromagneticamente com frequencias
coerentes (suaves e harmônicas, que surgem diante de emoções positivas) ou
incoerentes (desiguais e desarmônicas, manifestadas diante de emoções
negativas) e dar partida a várias reações corporais. Dessa maneira, o cérebro,
o corpo e o próprio coração são capazes de responder inteiramente à realidade
circundante”.
Outros estudos Joseph Pearce indicam que campo eletromagnético do coração e sua amplitude permite que haja influência entre campos de pessoas.
“Basicamente, um campo eletromagnético contém informação. Se nossos campos se comunicam e ressoam em conjunto, estamos trocando informação de forma não consciente.”
A importância do coração é também expressada por várias tradições religiosas, que só agora os cientistas estão descobrindo e Reich já citava.
“O coração inteligente é o grande segredo de todas as tradições espirituais. Estar em sintonia com essa vibração harmônica nos faz mais cooperativos, criativos, abertos e menos agressivos e competitivos... “Esse é o caminho que vai nos tirar do caminho da destruição para o caminho da regeneração” Gregg Braden,geólogo e pesquisador. (Gregg Braden).
As
diferentes formas de budismo localizam a mente no coração, não no cérebro.
Muitos
lamas tibetanos, quando falam sobre a mente em seus ensinamentos, apontam na
direção do meio do peito.
Na
medicina chinesa, o coração é considerado a sede da inteligência e recebe o nome
de imperador.
Para
a maioria das tradições orientais, o coração (ou o meio do peito) é a porta
para uma realidade transcendente.
Para os estudiosos de Chakras, o cardíaco fica no centro do coração. Sua função essencial é a
compaixão. A habilidade de amar profundamente e de formar relacionamentos
fortes e inerentes à condição humana.
Na cultura Africana Bantu, a cabeça (Ori)
vem em segundo plano, pois o coração ( Muxima) é o elo mais importante do ser
humano.
Eles dizem:
Uma cabeça pode criar
coisas, mais sem coração as coisas não terão serventia para a aldeia.
Uma cabeça pode ser bem
feita e bela, mais sem coração não chamará a atenção para o matrimônio.
Uma cabeça pode ser de
um ótimo guerreiro, mais sem coração ele lutará apenas para si mesmo.”
Reich afirmou que a “ tendência destrutiva cravada no caráter
não é senão a cólera que o indivíduo sente por causa de sua frustração na vida
e de sua falta de satisfação sexual “ e que “ Se uma pessoa encontra obstáculos intransponíveis nos
seus esforços para experimentar o amor ou a satisfação das exigências sexuais,
começa a odiar”.
Nestes nossos tempos, de
relacionamentos líquidos, de tantas expressões de raiva e ódio, não há como
para mim, não lembrar de Reich
que foi acusado de ser utópico e
querer eliminar o desprazer do mundo, por quem não o compreendia. Para ele:
O que
Reich nos propôs continua atual, é nossa luta para nos humanizarmos e com isso
sermos capazes de amar e ser potentes diante da vida.
Tania
Jandira R. Ferreira – dezembro/2015.