O ser humano
se estrutura a partir de situações vividas, de como se relaciona com o mundo,
com sua cultura e com a sociedade em que
vive.
A conseqüência
da necessidade do indivíduo se adaptar ao seu meio sócio cultural é a restrição das expressões espontâneas; com isso
há estagnação de emoções que são energias, que se concentram em pontos
determinados do corpo, deixando outros sem energia suficiente, provocando
alterações. Essas alterações tanto ocorrem pela falta de energia em determinada
parte do corpo quanto pelo excesso de energia de forma bloqueada, sem
movimento, sem fluidez também, em alguma parte do corpo.
Quando não
se tem a possibilidade de ser autêntico, de agir com espontaneidade, isso se
registra no corpo mediante tensões musculares.
Com a perda
de nossa capacidade de expressar o que sentimos e pensamos, vamos perdendo
nossa autenticidade, nossa espontaneidade.
É muito
comum abrirmos mão de nossa expressão mais autêntica e assumirmos
uma imagem que acabamos por aceitar como verdadeira.
Nem sempre
podemos ou devemos expressar tudo que sentimos ou pensamos, mas essa é uma
situação diferente daquela em que o indivíduo perde a capacidade de fazê-lo e
de percebê-lo.
O maior
fluxo de energia que gera níveis maiores de pulsação faz com que haja mais vida
em nós, em nossas ações; permite maior envolvimento com as atividades que nos
cabe realizar. É o equilíbrio entre expansão e contração que gera
essa possibilidade.
O Corpo e a
psique são faces do ser humano. O corpo expressa os afetos da psique e a
psique expressa a fluidez ou a rigidez do corpo.
Corpo, emoções e linguagem se
entrelaçam na ação e nas interações do ser humano. Atuar na psique do ser
humano implica reverberações no seu corpo. Atuar no corpo implica reverberações
na psique.
“Medo e raiva contidos endurecem o
organismo, contrariamente ao amor e à alegria que o suavizam. Nossos
sentimentos provocam uma mobilização em nosso corpo: Um sentimento não é uma
idéia ou uma imaginação — é um acontecimento energético no corpo. Existe algo
que flui dentro de nós. Quando estamos felizes, nos esticamos, nos expandimos
para o mundo. Quando temos medo, nos retraímos para dentro de nós mesmos.Nesse movimento, o que flui de lá para cá
é nossa energia vital.” Eva Reich
Estar presente no mundo, se inserir em
seu movimento, sentir, se expressar, não
se estagnando em determinados padrões ou ideias paralisantes é estar vivo.
Corporalmente, isso se manifesta por meio da mobilidade, da respiração ritmada
e profunda e do fluxo da energia corporal.
Neurobiologistas já comprovam a dependência existente entre a emoção e a
razão. A ausência da emoção e dos sentimentos pode afetar a racionalidade.
Os músculos encarregados da respiração, também são encarregados do
movimento dos braços, de ir buscar algo, de fazer contato com o meio, com
outras pessoas, de expressar, de colher o que necessitamos, de modificar e
interferir com o meio.
O tórax é a sede dos sentimentos
profundos. Nele se encontra órgãos importantes como o coração, os pulmões e o
timo. É também onde se localizam emoções e sentimentos profundos, é também o
manancial da expressão profunda destes sentimentos.
Contrações crônicas neste grupo
muscular impedem uma respiração profunda e fluída, por que os processos
emocionais não podem ser percebidos pela pessoa, nem ser expressos. A
conseqüência é um estado emocional de um stand by contido ou de um coração enjaulado.
Há três modos de escapar da jaula. Um tem a ver com a garganta e a boca. Um coração rígido e uma garganta contraída dificulta um trânsito emocional, assim os beijos podem ser frios ou falsos.
Outro canal de expressão é através dos braços e mãos, é só perceber como há abraços que não confortam, mãos que se tocam, mas não acariciam de fato ou mãos que se unem , como amigos que se dão as mãos ou pessoas enamoradas.
O terceiro canal tem a ver com os genitais, aí é só perceber como mesmo tendo prazer sexual, muitos sempre se acham insatisfeitos e não demonstram ternura em suas relações.
Um tórax rígido
dificulta qualquer expressão de amor em relação a outra pessoa, e não só sua
expressão, mas também sua tomada de consciência. São feridas profundas de
desamor que causam essa rigidez.
Nem sempre pudemos ser
amados por quem queríamos, nem sempre podemos ser aceitos em nossa espontaneidade,
mas essas feridas podem se tornar cicatrizes se nos abrirmos a possibilidade da
existência do amor.
Amor que podemos reaprender a ter por nós mesmos, em
primeiro lugar. Afinal, se o outro não teve a possibilidade de nos amar é ele
também que perdeu essa possibilidade de vivenciar o amor em sua plenitude.
Tania Jandira R. Ferreira
Psicoterapeuta
Tel:
981238174