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segunda-feira, outubro 31, 2011

FAXINA NA ALMA

Ler Drumond é se renovar, é tecer esperanças....

"Não importa onde você parou... em que momento da vida você cansou...  Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo..., é renovar as esperanças na vida e o  mais importante... acreditar em você de novo. 

Sofreu muito nesse período? Foi aprendizado.  Ficou com raiva das pessoas? Foi para perdoá-las um dia.  Sentiu-se só por diversas vezes? É porque fechaste a porta até para os anjos.  Acreditou que tudo estava perdido? Era o início da tua melhora.  Pois é, agora é hora de reiniciar, de pensar na vida, de encontrar prazer nas coisas  simples de novo. 

Que tal um corte de cabelo arrojado e diferente?  Um novo curso, ou aquele velho desejo de aprender?  Pintar... desenhar... dominar o computador ou qualquer outra coisa... 
Olha quanto desafio... Quanta coisa nova nesse mundão te esperando.  Tá se sentindo sozinho? Besteira... tem tanta gente que você afastou com o seu  "período de isolamento"... tem muita gente esperando apenas um sorriso teu para  "chegar" perto de você. 

Quando nos trancamos na tristeza, nem nós mesmos nos suportamos. Ficamos  horríveis...  Recomeçar... Hoje é um bom dia para encarar novos desafios.  Onde você quer chegar? Sonhe alto... Queira o melhor do melhor... Queira coisas boas  para a vida... 

Pensando assim, trazemos pra nós aquilo que desejamos. Se pensamos pequeno, coisas  pequenas teremos. Mas, se desejarmos fortemente o melhor e, principalmente,  lutarmos pelo melhor, o melhor vai se instalar na nossa vida.  E é hoje o dia da faxina mental... Jogue fora tudo que te prende ao passado, ao  mundinho de coisas tristes... fotos, peças de roupa, papel de bala, ingressos de cinema,  bilhetes de viagens e toda aquela tranqueira que guardamos no fundo do baú. 

Jogue tudo fora. Mas, principalmente, esvazie seu coração. Fique pronto para a vida,  para um novo amor...  Lembre-se de que somos apaixonáveis. Somos sempre capazes de amar muitas e muitas  vezes. Afinal de contas, nós somos o "Amor"... porque somos do tamanho daquilo que  vemos, e não do tamanho da nossa altura. "
Carlos Drummond Andrade

UM NOVO PARADIGMA FEMININO


          Estamos vivendo um retorno á natureza, ao feminino. É a energia feminina atuando com toda a sua força.
          Por muito tempo o prisma masculino, ocidental e patriarcal foi dominante. A natureza foi reduzida aos seus aspectos fundamentais, surgindo assim, o dualismo espírito-matéria. A ciência foi usada enquanto poder para manipular os seres humanos; tanto que a máxima do lucro e do mercado é que teima em reinar absoluta.
         Essa concepção masculina dominante tem uma visão reducionista e fragmentada da realidade. Essa fragmentação acaba priorizando a formação de “ especialistas”, que negam o “todo”, priorizando as “partes”.
         Nessa concepção, a universalidade é a regra. Desta forma, nega-se outras formas de conceber a realidade. Mas um novo paradigma vem se constituindo. Não em oposição, mas na prática; demonstrando que a universalidade nunca foi á regra. Este paradigma não se pretende ser uma outra universalidade, muito pelo contrário, preconiza-se a necessidade de igualdade na diversidade, ou a diversidade, amplitude  complementaridade na busca do conhecimento.
        Para este paradigma, a ciência enquanto sabedoria deve ser capaz de esclarecer, iluminar e libertar os indivíduos. A energia feminina se faz presente nas ciências através de homens como Heisemberg que diz que “ as teorias científicas jamais poderão oferecer uma descrição completa e definitiva da realidade”, ou como Capra que cita que “ o novo paradigma científico é a inexistência de qualquer fundamento sólido”.
      Dentro deste novo paradigma científico a teoria Holística vem sendo constituída a partir de alguns pressupostos. Um deles é de que a ciência não deve estar dissociada da cultura, filosofia e religiosidade dos seres humanos, rompendo assim com o dualismo espírito-matéria e vendo-o como um todo integrado: corpo-mente- espírito.
      A força da energia feminina também pode ser percebida, através do retorno de conhecimentos milenares, que defendem a unicidade e inter-relação mútua de coisas e eventos, nas propostas ecológicas e em novas formas de ser, perceber e atuar na realidade, de homens e mulheres do ocidente e do oriente.
     O retorno ao feminino e á Mãe natureza vai demonstrar que a natureza trabalha para o futuro, produzindo e reproduzindo a vida, através da generosidade inerente e renovação constante em busca de equilíbrio. Os atributos do feminino então podem ser considerados como a atividade, produtividade, dinamismo, criatividade e inter-relação constante.
     O retorno á natureza é refazer o caminho das Leis da natureza e da ordem cósmica, de que tanto nos distanciamos, provocando doenças e sofrimentos ao planeta, povos e indivíduos. É uma renovação em nossos corações e mentes de conceitos de mundo, ciência e homens que nos impregnaram e dominaram por tanto tempo. É  o entendimento do indivíduo como um microcosmos, com inter-relação constante com o macrocosmos. É optar por atuar com diferentes formas de vida – vegetais, flores, cristais, etc – e energias da natureza – som, cor, aroma, etc, apostando na auto-regeneração, autoconhecimento e auto desenvolvimento  dos indivíduos como processo natural, pois é próprio da natureza a renovação, o equilíbrio e a harmonia.
        O retorno ao feminino vai, em último caso, buscar a sintonia do feminino e despertá-lo, celebrando a vida de Homens e Mulheres.
        Que todas as Deusas nos protejam e que o reinado da Mãe possa ser mais pleno, harmonioso e doce, do que até o momento todas as civilizações puderam oferecer á humanidade.
Tania Jandira R. Ferreira

ESPIRITUALIDADE COMO CELEBRAÇÃO DA VIDA



          A dimensão espiritual do ser humano sempre presente na história da humanidade, vem sendo recolocada em cena na sociedade; de variadas formas, através de antigas e novas religiões, e/ou como busca pessoal.
Muitas pessoas atualmente crêem nesta dimensão e a buscam para suas vidas.
        De outro lado, “desordens e desequilíbrios espirituais” sempre assolaram parcelas significativas da população, constituindo-se um fato.
O tratamento para estas desordens vai variar de acordo com a cultura onde a pessoa em desequilíbrio está inserida. Na maior parte das vezes, estas pessoas procuram auxílio em Templos Espirituais das mais diversas religiões. São também nestes templos, através de um outro indivíduo, já “iniciado no religioso”, que as pessoas podem obter seu desenvolvimento espiritual de forma mais planejada, acompanhada e assistida.
        Pessoas que vivenciam desordens espirituais, também manifestam desordens em seu campo emocional e psíquico. Muitas  procuram auxílio com profissionais da área “psi”, para auxiliá-las.
         Mas qual a contribuição que um psicoterapeuta pode dar a quem passa por este tipo de problema? Qual o papel da psicoterapia diante deste ser que sofre e nos solicita auxílio? Quais os limites da atuação do psicoterapeuta? Do que tratamos? Que desordens espirituais são essas?
          Entendo que realizando o objetivo da psicoterapia, de auxiliarmos o desenvolvimento pleno do ser, tornando-o mais humano, mais generoso, mais prazeroso, mais amoroso; logo mais centrado, equilibrado e pleno; estamos auxiliando ao desenvolvimento de sua espiritualidade se a entendemos como celebração da vida. Espiritualidade entendida como uma relação mais harmoniosa com a natureza, consigo mesmo e com seus semelhantes.
          Cabe ao psicoterapeuta reconhecer os estados “transpessoais” da realidade do ser; mas também possibilitar que a pessoa com desequilíbrios espirituais se permita manter-se livre da ilusão, fugas, ou outras quaisquer desarmonias que bloqueiem ou impeçam a plenitude do viver, para que a ocorrência ou vivência da dimensão do espiritual, não seja motivo de desequilíbrios.
           A atitude do psicoterapeuta deve ser a do “não julgamento” ou imposição de sua forma de compreensão da realidade. Temos o compromisso ético de respeitar todos os tipos de cultura, mesmo aquela que se apresentam como diferentes ou discordantes de nossas crenças.
            A psicoterapia pode contribuir com a pessoa com desordens espirituais, como no geral, com todos os indivíduos que a procuram, como espaço da escuta, do crescimento e do acolhimento.
            No tocante ás desordens espirituais, propriamente ditas, todos que já a estudaram podem afirmar que não há uma igual á outra. A psicoterapia vai se basear na crise pela qual a pessoa passa, em como esta crise está inserida na vida do sujeito e em como este sujeito interage com ela. O essencial é que a pessoa possa perceber que a crise manifestada, como em geral todas as crises por que passamos em nossa existência, tem uma natureza curativa, pois possibilita que possamos transformá-la e nos tornamo-nos mais plenos e mais humanos. Apesar de cremos que toda desarmonia espiritual é individualizada e única, não podemos nos furtar em colocar algumas facetas gerais, que ocorrem com pessoas que manifestam este tipo de problema.
  • Dependência excessiva de líderes espirituais – em todas as religiões a dependência excessiva de outrem é motivo de desarmonia. O ser pleno age sob seu comando interno.
  • Presunção de ser alguém especial -  Alguns apresentam a tentação de ser uma pessoa superior ao conjunto dos seres humanos. Muitos destes vão julgar que “sabem e podem salvar” os outros seres, muitas vezes supervalorizando “poderes” em detrimento de um desenvolvimento geral da personalidade, tanto do “curador” como do sujeito que procura auxílio.
  • Rigidez de dogmas – Cada religião tem seus dogmas. Se nos ativermos a estes sem uma reflexão pessoal, nos tornamos rígidos. Se entendemos o ser humano pleno, como flexível, qualquer “amarra” é fator de desarmonia. A rigidez dos dogmas impede ao ser humano buscar saídas e alternativas para seu equilíbrio.
  • Tentação do sacrifício pessoal  - Muitas pessoas ao invés de “ servir ao próximo”, vivem como mártires, concebendo esse martírio pessoal como demonstração da evolução do seu ser.  Esta é uma falsa humildade, que também tem conotação de presunção de superioridade. O martírio pessoal nunca pode ser visto como desenvolvimento do sujeito, pois é anti vida.
  • Fascínio da espiritualidade – Algumas pessoas com o despertar da espiritualidade, acabam vivendo a maior parte de suas vidas subjugadas pelo que julgam espiritual, esquecendo ou não valorizando outros aspectos de suas vidas. A espiritualidade deve fazer parte da vida e ser expressa nas ações do cotidiano.
  • Fuga do mundo material, concreto – Lidar apenas ou prioritariamente como mundo ou questões ditas espirituais pode também ser uma forma de não lidarmos com nossos problemas cotidianos, o que nos impossibilita de lidarmos com toda a beleza e plenitude da vida.
  • Procura de soluções mágicas -  Ante a dificuldade de lidar com a própria vida, muitos vão esperar que haja consolo Divino para sua melhora, sem que haja esforço pessoal. Desta forma, desobrigamo-nos de qualquer ato pessoal, esperando uma solução rápida e mágica de nossos problemas.
  • Medo do oculto, do desconhecido -  Alguns quando se vêem frente a estas desordens, demonstram um medo enorme; colocando o espiritual na esfera do sobrenatural, e não, como algo “ natural ( da natureza do humano). Isso enfatiza uma impotência e paralisia para lidar com o fato.

Essas facetas das desordens espirituais podem e devem ser trabalhadas na psicoterapia, assim como as emoções correspondentes – medo, insegurança, sensação de superioridade, fascinação, etc e traços de caráter que estejam provocando o sofrimento dessas pessoas.
Se entendermos a doença como um desequilíbrio, uma manifestação de nosso ser de que “algo não está funcionando bem”, um alerta; as desordens/desequilíbrios espirituais vão demonstrar que nos deslocamos de nosso centro/equilíbrio.
A psicoterapia pode auxiliar as pessoas que passam por esta crise, possibilitando que a desordem manifestada seja um caminho ara o reencontro do sujeito em busca de sua auto realização.
Tania Jandira R. Ferreira